Essa semana o Blog Diplomática na Copa propôs um desafio baseado no famoso roubo da taça Jules Rimet. Para conferir o desafio completo acesse: http://diplomaticanacopa.blogspot.com/2011/06/trofeu-da-copa-x-diplomatica-desafio.html . Segue abaixo a nossa resposta
1) Considerando o sumiço da taça, tanto na primeira vez, quanto na segunda, pode-se dizer que as réplicas são autênticas?
Se considerarmos que o conceito de autenticidade refere-se a um documento ser o que ele pretender ser, e que isso está condicionado a três requisitos, que são as características internas, as características externas e o tramite do documento, consideramos que as réplicas da taça serão autênticas somente quando o propósito delas for ser uma réplica.
Na primeira situação, em que a FIFA criou uma réplica para ser usada nas finais de Copa do Mundo, mas fez isso secretamente, como afirmado pelo blog “Diplomática na Copa”, podemos tirar duas conclusões. Para os dirigentes que sabiam que a taça era uma réplica ela até pode ser autêntica. Mas se considerarmos a perspectiva do público que pensava estar diante da verdadeira taça Jules Rimet, ela não é autêntica porque não é aquilo que pretende ser. Ela é uma réplica e não a verdadeira taça. Seu processo de criação e trâmite não é o mesmo.
No segundo caso, que foi quando a CBF resolveu fazer uma réplica da taça, roubada no Brasil, ela é autêntica, porque não se teve a pretensão de ser a verdadeira. A intenção foi apenas de representar simbolicamente as conquistas da Seleção Brasileira de Futebol. Ou seja, nesse caso, a taça é o que ela pretende ser: uma réplica que simboliza a taça verdadeira que foi roubada e preenche os requisitos das características internas e externas e do tramite da réplica que ela é. Portanto pode ser considerada autêntica.
2) As réplicas das taças, de acordo com Duranti, são cópias imitativas ou cópias simples, no primeiro desaparecimento da taça?
Primeiro é necessário esclarecer estes conceitos segundo Luciana Duranti. Para ela uma cópia é “a transcrição ou duplicação de um original escrito”. A Cópia simples segundo Duranti é a “mera transcrição do conteúdo do original, preparada por qualquer pessoa e que não pode ter efeitos legais” e serviria para guardar a memória. Por sua vez a cópia imitativa de acordo com Luciana Duranti é aquela que reproduz completamente ou parcialmente, não só o conteúdo, mas também as formas, incluindo as externas, do documento original. Exemplo: fotocópia. Geralmente uma cópia imitativa não é feita para enganar (ser considerada a original), por isso sempre contém elementos que permitem identificar a sua natureza de cópia. E ainda, a cópia imitativa não tem validade legal. Quando existe a intenção de fraude, é chamado pseudo-original. Luciana Duranti ainda conceitua a cópia autêntica que seria uma cópia certificada por funcionários autorizados com vistas a converter a cópia em uma evidência admitida legalmente.
Na primeira situação, citada na pergunta, em que a FIFA criou uma réplica secretamente para ser utilizada nas finais de Copa do Mundo a cópia não é imitativa, pois existiu a intenção de enganar o público, mesmo que fossem por questões de segurança. Se é uma cópia simples, para nós ficou complicado de afirmar, mas considerando que ela não é uma mera réplica, feita de qualquer jeito, e sim uma réplica encomendada pela FIFA, achamos que também não seria uma cópia simples. Do ponto de vista do público essa taça seria um pseudo-original.
Mesmo a pergunta não questionando sobre o segundo caso de réplica da taça, resolvemos estender a reflexão. No segundo caso, em que a CBF criou uma réplica da taça roubada no Brasil, provavelmente com o objetivo de representar simbolicamente a vitória na Copa do Mundo, podemos considerar a taça uma cópia imitativa. Ela não é uma cópia simples porque não foi criada por qualquer pessoa, apesar de visar à preservação da memória. Também não é um pseudo-original porque não houve a intenção de enganar. Ela é uma cópia imitativa porque reproduziu parcialmente (a quantidade de ouro utilizada não é a mesma da original) o conteúdo e as formas da original e não teve o objetivo de enganar. A respeito de ser uma cópia autêntica, não conseguimos afirmar nada, pois não sabemos se ela tem validade legal.
3) Supondo, que no primeiro sumiço da taça, Segunda Guerra Mundial, os soldados nazistas conseguiram ficar com a mesma. Logo entregaram para Adolf Hitler. Estabeleça um plano de classificação.
Como afirmado pelo blog “Diplomática na Copa” a taça ficou escondida na Itália, durante a Segunda Guerra Mundial, para evitar que fosse roubada pelos nazistas. E suponhamos, de acordo com o proposto pela pergunta, que a taça tenha de fato sido roubada e entregue a Adolf Hitler, vamos propor um plano de classificação considerando a taça como um objeto roubado em decorrência da Guerra.
Fundo – Ditadura de Adolf Hitler
Subfundo – Operações Bélicas
Grupo – Segunda Guerra Mundial
Subgrupo – Saques e roubos
Série – Objetos de valor
Peça – Taça Jules Rimet
4) Considerando o segundo sumiço (definitivo dessa vez), suponha que a taça tenha "caído" nas mãos do então Presidente do Brasil João Figueiredo. Como seria o plano de classificação
Com as informações dadas pelo grupo não foi possível estabelecer o conceito de ‘"caído" nas mãos do então Presidente do Brasil-João Figueiredo.’ Levando, então, em consideração que o presidente tenha descoberto o local onde se encontrava a taça,segue o plano de classificação:
Fundo: Presidência da República Federativa do Brasil
Subfundo: Presidente João Figueiredo - 1979 a 1985
Grupo: Operações Policiais Especiais
Subgrupo: Recupeção de itens roubados
Documento: Taça Jules Rimet
5) Faça uma análise diplomática e tipológica da taça.
Denominação do documento – Taça Jules Rimet
Definição – Taça
Gênero – Iconográfico
Suporte – ouro e liga de prata numa base azul de lápis-lazúli
Formato – Tridimensional
Forma – Original única
Produtor – Federação Internacional de Associação de Futebol (FIFA)
Destinatário - País campeão da Copa do Mundo
Trâmite – A taça foi produzida pela FIFA em 1928 e ficou sob sua custódia até 1930, onde foi conquistada pelo Uruguai, ficou por quatro anos, em 1934, foi para Itália onde ficou até 1942, voltou a ser de posse da FIFA pois não houve o torneio entre os anos de 1942 e 1946 devido à Segunda Guerra Mundial, em 1950 volta a ser do Uruguai, em 1954 passou a ser da Alemanha Ocidental, de 1958 a 1966 foi para a Inglaterra e, finalmente, em 1970 o Brasil ganhou o direito de ficar com a taça Jules Rimet devido ao seu tricampeonato, e em 1983 foi roubada.
Função – Premiar o campeão da Copa do Mundo.
6) Comente se a referente taça pode ser considerada documento de arquivo.
Sim, se levarmos em consideração que foi acumulada como resultado de premiações referentes às Copas do Mundo ocorridas desde 1930 a 1970.
Olá Skin Files. Concordo que, a taça não seja uma cópia simples, pois ela produz efeitos legais e é criada por uma instituição legalmente institúida de poder. O post de vocês ficou muito muito bom, eu apenas acrescentaria a função administrativa e arquivística. Quanto ao formato, vou ver com o professor, pois depois de ler todos os comentários dos, não houve consenso. Parabéns...
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