Toda tatuagem remete a um símbolo, um código. Não importa em qual lugar do planeta você está, ao fazer uma tatuagem está querendo dizer algo a alguém, mesmo que seja a si mesmo.
Não poderia ser diferente na Rússia. Lá, Vory significa “ladrões”. Zakone (se pronuncia “zakônie”) significa “lei”. Vor v Zakone (“vor vizakônie”), ladrão pela lei, ou pelo código. Assim determina a bratva, a “irmandade”, a máfia russa, formada após o colapso da União Soviética, atualmente a uma das organizações criminosas mais poderosa e com maior poder bélico do mundo .
O código dos vory também é inscrito na pele, através de variadas tatuagens (muitas adquiridas nas cadeias, outras por méritos por subir de posto dentro da máfia). Vemos, por exemplo, igrejas ortodoxas, que nada tem a ver com cristianismo, mas sim com crimes praticados. A quantidade de cúpulas da igreja remete diretamente ao valor que aquele crime teve na máfia.
Os Vor v Zakone não costumam tatuar o rosto, porém a complexidade e a riqueza de seu código chamam a atenção. Sendo uma organização hierárquica, as tatuagens têm o papel de classificar essa escala social dentro da facção, podendo até ser removida com processos químicos caso um membro perca um determinado cargo.
Mas o símbolo máximo da Vor v Zakone é a rosa dos ventos. Um símbolo com conotações racistas, pois tem significado sobre a pretensa superioridade branca (eslava) do norte. Estrelas tatuadas nos joelhos significam que o vor não se ajoelha diante de ninguém, nem de Deus. Estrelas tatuadas acima do coração significam que o sujeito se tornou um irmão dentro da máfia russa. É, finalmente, um “ladrão”, um vor.
Já que é um ladrão pelo código, deve seguir a lei da bratva. O uso destas tatuagens pode ser voluntário ou forçado, como forma de punição do indivíduo dentro da sociedade criminosa. E aqueles que possuem tatuagens com os símbolos russos sem o devido merecimento pode ser punido com a morte.
No cinema, as tatuagens da máfia russa foram abordadas no filme Senhores do Crime (Eastern Promises, de 2007), dirigido por David Cronenberg, que narra a história de um membro da máfia russa em Londres. O longa é excelente e valeu ao ator Viggo Mortensen uma indicação ao Oscar.
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